Paraty ou Parati é um município brasileiro no litoral oeste do estado do Rio de Janeiro. Abriga tanto o ponto mais meridional quanto o ponto mais ocidental do estado.
Em 1667, teve sua emancipação política decretada pelo rei de Portugal, tornando-se uma vila independente de Angra dos Reis.
Junto ao oceano, entre dois rios, Parati está a uma altitude média de apenas cinco metros. Hoje, é o centro de um município com 930,7 km² com uma população de 33 062 habitantes (densidade demográfica: 35,6 h/km²).
A cidade foi, durante o período colonial brasileiro (1530-1815), sede do mais importante porto exportador de ouro do Brasil.
Por estar localizada quase ao nível do mar, a cidade foi projetada levando em conta o fluxo das marés. Como resultado, muitas de suas ruas são periodicamente inundadas pela maré alta, o que lhe valeu o título de a Veneza brasileira.
História de Paraty
Antecedentes
Anteriormente ao Descobrimento do Brasil pelos europeus, a região da atual Paraty era habitada por indígenas Guaianás.Início do povoamento
Nos primeiros anos do século XVI, os portugueses já conheciam a trilha aberta pelos Guaianás (Trilha dos Goianás) ligando as praias de Paraty ao vale do Paraíba, para lá da Serra do Mar. Entretanto, o primeiro registro escrito sobre a região da atual Paraty é o livro do mercenário alemão Hans Staden, "História verdadeira e descrição de um país de selvagens..." (Marburgo, 1557), que narra a estadia deste por quase um ano em aldeias Tupinambás nas regiões de Paraty e de Angra dos Reis.
Embora alguns autores pretendam que a fundação de Paraty remonte à primeira metade desse século, quando da passagem da expedição de Martim Afonso de Sousa, a primeira notícia que se tem do povoado é a da passagem da expedição de Martim Correia de Sá, em 1597. À época, a região encontrava-se compreendida na Capitania de São Vicente.
O núcleo de povoamento iniciou-se no morro situado à margem do rio Perequê-Açu (depois Morro da Vila Velha, atual Morro do Forte). A primeira construção de que se tem notícia é a de uma capela, sob a invocação de São Roque, então padroeiro da povoação, na encosta do morro. O aldeamento dos Guaianás localizava-se à beira-mar. Em 1636, Maria Jácome de Melo fez a doação de uma sesmaria na área situada entre os rios Perequê-açu e Patitiba (atual rio Mateus Nunes) para a instalação do povoado que crescia, com as condições de que os indígenas locais não fossem molestados e de que fosse erigida uma nova capela, sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios. Essa sesmaria corresponde à região do atual Centro Histórico da cidade.
Emancipação política
A partir de 1654 várias rebeliões se registraram entre os moradores, visando tornar a povoação independente da vizinha Angra dos Reis, o que veio a ocorrer em 1660, como fruto da revolta liderada por Domingos Gonçalves de Abreu, vindo o povoado a ser alçado à categoria de vila. Este ato de rebeldia foi reconhecido por Afonso VI de Portugal, que, por Carta Régia de 28 de Fevereiro de 1667 ratificou o ato dando-lhe o nome de "Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty".
O ciclo do ouro e a Estrada Real
Com a descoberta de ouro na região das Minas Gerais, a dinâmica de Paraty ganhou novo impulso. Em 1702, o governador da capitania do Rio de Janeiro determinou que as mercadorias somente poderiam ingressar na Colônia pela cidade do Rio de Janeiro e daí tomar o rumo de Paraty, de onde seguiriam para as Minas Gerais pelo antiga trilha indígena, agora pavimentada com pedras irregulares, que passou a ser conhecida por Caminho do Ouro.
A proibição do transporte de ouro pela estrada de Paraty, a partir de 1710, fez os seus habitantes se rebelarem. A medida foi revogada, mas depois restabelecida. Este fato, mas principalmente a abertura do chamado Caminho Novo, ligando diretamente o Rio de Janeiro às Minas, tiveram como consequência a diminuição do movimento na vila.
A partir do século XVII registra-se o incremento no cultivo de cana-de-açúcar e a produção de aguardente. No século XVIII o número de engenhos ascendia a 250, registrando-se, em1820, 150 destilarias em atividade. A produção era tão elevada que a expressão "Parati" passou a ser sinônimo de cachaça, produção artesanal que perdura até aos nossos dias.
O século XIX e o ciclo do café
Para burlar a proibição ao tráfico de escravos decretada pelo regente Padre Diogo Antônio Feijó, o desembarque de africanos passa a ser feito em Paraty. As rotas, por onde antes circulava o ouro, passaram então a ser usadas para o tráfico e para o escoamento da produção cafeeira do vale do Paraíba, que então se iniciava.
À época do Segundo Reinado, um Decreto-lei de 1844, do imperador Pedro II do Brasil, elevou a antiga vila a cidade.
O ciclo do turismoCom a chegada da ferrovia a Barra do Piraí (1864) a produção passou a ser escoada por essa ela, condenando Paraty a um longo período de decadência.
A cidade e o seu patrimônio foram redescobertos em 1954, com a reabertura da estrada que a ligava ao estado de São Paulo - a Paraty-Cunha -, vindo a constituir-se em um polo de atração turística. Desse modo, em 1958, o conjunto histórico de Paraty foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O movimento turístico intensificou-se com a abertura da Rio-Santos (BR-101) em 1973.
Na década de 1980, indígenas Guaranis embiás, procedentes do sul do país, instalaram-se no município, nas atuais aldeias de Araponga e Paratimirim.
Hoje, a cidade é o segundo polo turístico do estado do Rio de Janeiro e o 17º do país. Devido a essa relevância, foi uma das poucas cidades que não são capital de estado a receber a tocha dos Jogos Pan-americanos de 2007 nos dias que antecederam os jogos.
Turismo
Lugares de interesse:
- Chafariz do Pedreira - à entrada da cidade, em mármore, foi iniciado em 1851 e inaugurado em 1853 pelo conselheiro Luis Pedreira do Couto Ferraz, então presidente da província do Rio de Janeiro, que, na ocasião, bebeu, em copo de ouro, as suas primeiras águas.
- Sobrado dos Bonecos e Passos da Paixão - localizado à Rua Tenente Francisco António, nele se destaca o beiral em telhas delouça. O nome dos Bonecos veio das estátuas que encimavam a sua platibanda. No prédio vizinho, existe uma capela dosPassos da Paixão, aberta apenas para as procissões da Semana Santa.
- Antiga Cadeia Pública - atualmente, sedia a Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes do município e o Instituto Histórico e Artístico de Parati.
- Igreja de Santa Rita de Cássia
- Rua do Fogo - é uma das poucas ruas da cidade que conserva o seu primitivo nome. Comunica um dos vértices do Largo de Santa Rita à Rua Maria Jácome de Melo.
- Rua Dona Geralda - Geralda Maria da Silva nasceu em Parati em 1807. Benemérita, herdou de seu pai grande fortuna, que a lenda local associa à descoberta de um tesouro de piratas.
- Mercado do Peixe - localiza-se à beira-mar, comercializando verduras e frutas.
- Rua da Praia - comunica o Mercado do Peixe à beira do rio Perequê-açu. Em determinadas luas, é inundada pelas águas da maré alta, que refletem o seu casario, espetáculo que atrai a atenção dos turistas.
- Rua Fresca - outrora denominada Rua das Dores (por abrigar a Igreja de Nossa Senhora das Dores), Rua Alegre e Rua do Mar, nela, se destaca o Sobrado dos Orleans e Bragança, próximo à Igreja de Nossa Senhora das Dores.
- Igreja de Nossa Senhora das Dores
- Praça do Imperador
- Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios
- Sobrados coloniais
- Santa Casa de Misericórdia de Parati
- Forte Defensor Perpétuo e Casa da Pólvora - o forte abriga o Centro de Artes e Tradições Populares de Parati.
- Capela da Generosa - localiza-se no Beco do Propósito, à margem do Rio Perequê-açu, onde morreu afogado Teodoro, um ex-escravo liberto, que ali se atreveu a pescar em uma sexta-feira santa. Em memória do fato, uma senhora de nome Maria Generosa, aí, fez erguer a capela, sob a invocação da Santa Cruz, que recebeu o nome da benfeitora.
- Igreja de Nossa Senhora do Rosário e prefeitura
- Oratório de Santa Cruz das Almas - também conhecido como Oratório de Santa Cruz dos Enforcados, localiza-se no antigo caminho para o pelourinho.
- Engenho da Muricana
- Engenho da Boa Vista - onde residiram os avós de Heinrich e Thomas Mann. O antigo engenho a vapor adquiriu fama por suasaguardentes, como a Azulina, produzida em alambique de barro e destilada com folhas de tangerina.
- Engenho do Bom Retiro - em 1908, a sua aguardente recebeu medalha de ouro na Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil.
- Aldeias guaranis de Araponga e Paratimirim - se localizam nos arredores da cidade. Para sua visitação, é necessária uma autorização no posto da Fundação Nacional do Índio que se localiza nessas aldeias.